Bom,
pensei muito se devia ou não devia escrever o que passamos aqui por casa agora – conversei com a minha protagonista da luta e ela deu o ok. Do que se trata? Se trata de câncer de mama, ou melhor da p*&$@# do câncer de mama diagnosticado na minha esposa em fevereiro deste ano. Uma história de tratamento que ainda não acabou – e que, creiam, não é fácil: especialmente pra ela [agora deitadinha na sala meio dormindo] e não é fácil pra mim.
Resolvi escrever meio porralocamente, por assim dizer, isto é: sem datar ou fazer uma cronologia de qualquer coisa. Escrever com pouca obrigação – já que obrigação é dar aquela tonelada de remédios que ela toma para controlar os efeitos colaterais da quimioterapia. E curiosamente – não sei se ‘curiosamente’ é a melhor palavra, talvez a melhor fosse ‘desgraçadamente’ – tem remédios para controlar os efeitos colaterais dos remédios para controlar os efeitos colaterais, dos remédios para controlar os efeitos colaterais de quimioterapia.
Não tô doido não: quimioterapia => imunodepressão. Para este efeito colateral … granulokine => dor lancinante nos ossos [quadris especialmente].Para este efeito colateral … antiinflamatório =>gastrite. Para esse efeito colateral … omeprazol.
Não falei que era assim? Uma josta. Mas é a luta, fazer o quê? Só não venham me dizer que ‘é o de menos’. De menos é o cacete! É um monte.
Um blog que merece ser lido é o da Márcia Cabrita: o ‘Força na Peruca’, se o nome já é genial, alguns posts a gente queria ter escrito. Vejam esse:
Como não encher o saco de alguém que está com câncer
Acho que de uma vez por todas merecemos não ouvir mais:
– “Aquela doença”
– “A cura está na cabeça”
– “Vc deixou a doença entrar”
– “Câncer é tristeza”
– “Câncer é carma”
– “Somente o amor aos filhos, a alegria de viver, a fé e o pensamento positivo podem salvar”
– “Fulano perdeu a batalha contra o câncer”
– “Conheço alguém que se curou de câncer em estado terminal só tomando essa erva milagrosa”
– “Todos os efeitos colaterais são “o de menos”
O que merecemos ouvir:
– “Posso te ajudar?”
– “Rezo por vc e sei que vai ficar boa”
– “A medicina evolui a cada dia.”
– “Isso vai passar”
– “Ficar careca é ruim sim, comprei um lenço lindo pra vc, quer esperimentar?”
– “Só liguei para vc saber que estou pensando em vc”
– “Eu te amo”
Se vc for muito rico:
– “Posso pagar a cirurgia’
Se vc for médio rico:
– “Posso pagar próxima consulta”
Se vc for pobre:
– “Trouxe esse pirulito”
Formidável. Penso em fazer um cartaz pra por na porta de casa – e distribuir uns panfletos de leitura obrigatória ANTES de algumas visitas entrarem aqui. Assim tipo avião. Aliás acho que vou preparar um kit pré-visitas: panfleto e video, pra ver se todo mundo aprende que dar carinho nessa hora é o que importa. O resto … os devastadores tratamentos vão resolver.
Volto qualquer hora.
Abraços
*nota de rodapé: o ‘língua branca’ aí do título é uma ‘homenagem’ a candidíase da segunda semana após a quimioterapia.
** o site da Marcia Cabrita é esse aqui http://marciacabrita1.blogspot.com/ é otimo 🙂
*** publicado originalmente em 25 de junho
Puxa.. entrei no sei site pela videoaula q vc publicou no youtube.. queria agradecer.. mas acho que fiquei meia chocada..
Vou rezar pela recuperação da sua esposa.. e sim, graças a DEUS a medicina esta evoluindo muito.. e tenham fé, vcs vencerão essa luta.
Estarei orando/rezando e pedindo a Deus por vcs.
Oi andresa,
obrigado pela força.
Abraço